Coloque isso em prática e se tornar um talento na música será fácil.

Olá! Tudo bem com você?

Hoje nós vamos conversar sobre como podemos desenvolver nosso talento musical.

Você sabia que pode desenvolver seu talento, e que ele não depende de fator genético (de nascença), como dizem por aí? Sim, e isso não é coisa da minha cabeça não. Muitos autores trazem estudos e materiais sobre o assunto.

Se você ler o livro “O segredo do Talento” de Daniel Coyle, por exemplo, verá que há muitas dicas do que se fazer para que o talento floresça. E hoje eu quero compartilhar alguns destes insights com você. 

A música é uma habilidade que desenvolvemos pela prática e direcionamento corretos. No desenvolvimento de habilidades, incluindo a habilidade musical, existem duas categorias. As habilidades de alta precisão e as de alta flexibilidade. A música navega entre as duas, a música pressupõe o treinamento específico de alta precisão e também o treinamento específico de alta flexibilidade. Por que essa divisão entre as habilidades? Isso porque como elas são diferentes, elas demandam estudos e dedicação diferentes, e se você tiver isso bem claro, bem consciente terá melhores resultados.

Habilidades de alta precisão são aquelas que precisam ser aplicadas apenas de uma forma, a mais correta e sistemática possível. Tem a ver com precisão e repetição, atividades especializadas, sem falhas. As habilidades de alta flexibilidade podem ser aplicadas de diversas formas e não apenas uma. A ideia é ser ágil e interativo, e não buscar fazer sempre a mesma coisa com precisão, reconhecendo de forma instantânea padrões no decorrer do processo e tomando decisões inteligentes e oportunistas, utilizadas em atividades que envolvem comunicação, como exemplo: um cantor interpretando uma música de forma sutil para transmitir emoção, porque nossa interpretação é treinada mas é variável. A nossa interpretação nunca é a mesma.

Estas habilidades não são iguais, utilizam diferentes estruturas de circuitos cerebrais e se desenvolvem a partir de diferentes métodos de prática intensiva. E a habilidade musical transita entre as duas habilidades. 

Uma diferença entre essas duas habilidades é que ao desenvolver uma habilidade de alta precisão você precisa de um orientador no começo, você precisa ter um modelo. Já a habilidade de alta flexibilidade não é assim. Você mesmo que vai sentindo e percebendo como aquela habilidade precisa ser desenvolvida.

Para desenvolver a habilidade de alta precisão você precisará trabalhar como um carpinteiro meticuloso. O que é um carpinteiro meticuloso? É aquele que se atenta aos detalhes, que constrói uma base bem sólida. Um ótimo exemplo disso é o método Suzuki de ensino musical – detalhista e cuidadoso em todos os aspectos técnico instrumentais, como a postura no início do aprendizado, cuidando do relaxamento corporal, ou de como segurar o arco, de como produzir um som afinado. Isso porque a precisão é importante especialmente no início da prática já que as primeiras repetições determinam o futuro. 

Por isso, não tenha pressa, vá com calma e forme sua base sem correria. Você aprende passo-a-passo, dê atenção aos detalhes e ganhe consistência na sua habilidade. Se nossas primeiras repetições não forem bem meticulosas, depois será muito mais difícil corrigir os erros. Aliás, preste atenção nos erros, e corrija-os, porque aprender princípios básicos economiza tempo e dor de cabeça no futuro. O Dr. George Bartzokis, da universidade da Califórnia concorda com isso, quando diz: “Nosso cérebro é bom em construir conexões, mas não é tão bom assim em desconstruí-las”. 

Já no que se refere à desenvolver habilidades de alta flexibilidade, aventure-se como um skatista. Essas habilidades chamam a atenção pela beleza da execução, como por exemplo solos de um guitarrista, improvisações e dribles de um jogador de futebol. Isso porque a alta flexibilidade é resultado de um sistema cerebral super rápido que reconhece padrões  e responde de maneira mais adequada. Ela não é sempre igual, na verdade, é desenvolvida quando nos aventuramos em contextos desafiadores e que ficam em constante mudanças, com obstáculos que surgem. E essas redes de conexões vão se formando no nosso cérebro conforme vamos sendo expostos ao treinamento dessas habilidades.

Mas porque o autor Daniel Coyle comparou-a com um skatista? Porque o skatista tem a postura de ter energia, curiosidade e vontade de experimentar coisas novas, sempre procurando formas de superar a si mesmo.

E nós, como podemos treinar essas habilidades na música? Repetir e treinar padrões é muito importante, treinar maneiras de improvisar também, montar uma  interpretação musical com emoção, pedir feedback sem se preocupar muito em não errar, pois o importante é explorar novas possibilidades. Nesse tipo de habilidade, você é o seu próprio treinador. E por isso precisa estar o tempo todo se avaliando e se perguntando: o que funcionou? O que não funcionou? Mas o mais importante é você se aventurar e curtir este processo.

Por isso, antes de começar, verifique se a habilidade é de alta precisão ou de alta flexibilidade. Na música nós precisamos das duas habilidades, mas priorize a alta precisão, porque ao longo do tempo é ela que vai ser mais importante para desenvolver o seu talento. Muitas das pessoas mais bem sucedidas do mundo executam os treinamentos de quando eram iniciantes. Porque imagine que seu talento é como uma árvore: o tronco pode ser representado pela habilidade de alta precisão; e a copa pelas habilidades de alta flexibilidade. Primeiro, desenvolva o tronco que é a base, e depois os galhos. Isso não faz sentido? 

Temos que resistir à tentação de não querer recapitular, e querer só fazer coisas novas. Na verdade, quando recapitulamos e mantemos aquele treinamento fácil, da nossa base, estamos como que engrossando o tronco da nossa árvore do talento. Lógico que é preciso haver equilíbrio, nós temos que prosseguir ao mesmo tempo que conseguimos lapidar antigas habilidades. Por isso a revisão e o repasse do repertório já aprendido é tão importante. Tenha isso em mente, e seja detalhista. Essa é a minha dica de ouro de hoje, para você e para o desenvolvimento do seu talento musical.

Reflita sobre isso ao longo dos próximos dias. Vale a pena sempre analisar como estamos indo, o que estamos acertando e o que precisamos corrigir. É assim que chegamos longe, em tudo, inclusive na música. 

A gente se encontra então num próximo texto. E lembre: nada na vida se torna realidade se não é praticado. Coloque a mão na massa, incorpore essas dicas em seu dia a dia musical, porque eu quero te ver tocando cada vez melhor! Conte comigo e até a próxima!

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Daiany Dezembro

Pianista, cantora e educadora musical
especialista em iniciação e desenvolvimento musical

Olá, meu nome é Daiany Dezembro. Eu sou criadora do Canal Posso Tocar e hoje eu ajudo as pessoas à destravarem na música, sem sofrer para ler partitura, tirar música de ouvido e dominar a harmonia musical!

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