Olá, Daiany por aqui!
Hoje eu quero conversar um pouco mais sobre a improvisação musical. Você pratica essa habilidade no seu dia-a-dia de estudo musical? Sabe a importância dela?
Nem sempre a prática da improvisação faz parte do nosso dia a dia musical, especialmente quando estudamos um repertório erudito, com pouca abertura para o popular. Infelizmente a música clássica afastou a improvisação da sala de aula de música.
Mas, você sabia que os compositores sempre improvisaram? Pois é! Improvisar sempre foi algo muito natural para eles. Foi somente a partir do século XVIII que houve uma separação entre quem compunha e quem apenas interpretava o que estava escrito. Antes disso, os compositores deixavam brechas nas partituras para que os músicos improvisassem enquanto tocavam. Por exemplo, uma das situações onde a improvisação foi muito utilizada, foi no baixo figurado, também conhecido como baixo contínuo, que começou a ser empregado logo no início da era barroca na música.
O baixo figurado é um sistema de taquigrafia para notar certos elementos relativos à harmonia da música. Consiste de uma linha de baixo escrita de forma convencional a ser executada comumente pelo cravo e o violoncelo, embora pudesse ser executada também pelo órgão, a viola da gamba ou o fagote. O músico encarregado de executar o instrumento de teclado deveria tocar esse baixo com a mão esquerda e improvisar com a mão direita a harmonia indicada pelas figuras (números) sob a linha do baixo. O compositor então não escrevia todas as notas que deveriam ser tocadas, e o intérprete ficava livre para criar (improvisar).
Percebeu? Não havia diferença entre o músico compositor, o músico intérprete, e o músico que improvisa. A improvisação estava inserida nas várias áreas do fazer musical. Hoje em dia não é mais assim, o intérprete perdeu essa sua parte criativa, e por outro lado, o compositor começou a escrever na partitura tim-tim por tim-tim o que o intérprete deveria tocar, sem dar brechas para ele expressar sua criatividade enquanto toca. O que era uma prática musical natural se perdeu. Isso se deu a partir do século XVIII – XIX, em paralelo à Revolução Industrial que estimulou a especialização e contagiou a música também. Hoje, o intérprete só interpreta, e o compositor só compõe (em suma maioria) mas não deveria ser assim. Isso limitou a maioria dos músicos e estudantes de música, e nos deixou com lacunas no desenvolvimento da habilidade musical.
A partir daí você percebe a importância de estudarmos e buscarmos aprender diferentes repertórios musicais? Assim você não ficará limitado no seu aprendizado. Porque quem estuda só música clássica, não consegue treinar a improvisação, visto que há o cuidado de apenas tocar o que está exatamente escrito nas partituras (mantendo a interpretação histórica, pura). Se você não estudar música popular, dificilmente terá oportunidade para aprender a improvisar, nem será estimulado a expressar sua criatividade.
Então não fique limitado(a), não se contente em ficar apenas como você está, procure evoluir e crescer musicalmente. Não podemos abraçar o mundo todo de uma única vez. Sim, não dá pra estudar tudo junto. A música clássica nos permite avançar e muito em nossa técnica instrumental, e precisamos dedicar tempo à essa construção. Mas precisamos estar conscientes que o repertório popular nos permitirá outras conquistas, como a improvisação. Por isso, conforme avançar em seus estudos e domínio musical, migre de repertório, busque outros professores especialistas em cada área e foco de estudo musical, e vá assim avançando cada vez mais na música.
Lembre que mais importante do que ficar “pulando de galho em galho”, é saber o que você está buscando alcançar naquele “galho”, busque-o. Com o tempo, você também terá mais clareza de qual área tem mais a ver com você – a música clássica ou popular. E então, se aprofunde e se dedique nela com afinco. Mas ao longo disso, conheça e desenvolva as habilidades musicais que farão diferença na sua autonomia e capacidade musical.
Bons músicos improvisam (sejam eles da área do popular ou do erudito) e não é à toa. É reflexo de uma caminhada sólida na música.
Então é isso. Espero que depois desse nosso papo, você tenha ficado motivado(a) a pôr a mão na massa e começar a praticar a improvisação, e mais do que isso, que saiba onde buscar a orientação adequada para tal.
Bora começar a se expressar criativamente. Até a próxima!