Olá! Tudo bem com você?
Aqui é a Daiany Dezembro, e hoje nosso papo é sobre estudar música diariamente, porque por mais estranho que isso possa parecer, você precisa parar de tocar seu instrumento todo dia! Especialmente porque tocar não é a mesma coisa que estudar, e vou além, só estudar (ainda que todo dia) não resolve muita coisa. Acredite, isso é verdade!
Como assim, Daiany? Talvez você não esteja entendendo nada, não é?! Então vamos lá.
Eu sei que isso que estou a te falar, realmente parece um contrassenso, porque o comum é ouvir que precisamos praticar diariamente e que a repetição leva à perfeição. Mas veja bem, não é a pura repetição que faz com que nós aprendamos uma determinada música. E quando começamos a repetir o errado, e nem percebemos? Aliás, se você estiver praticando de maneira errada, pensando que de tanto insistir, uma hora vai conseguir, pois saiba que você realmente está gastando seu tempo à toa. Não funciona assim.
Não é apenas pela repetição que nós aprendemos. Apenas repetir não vai fazer você ser capaz de tocar uma música com competência. Só estudar todo dia, não garante que você alcance um alto nível de domínio técnico e interpretativo naquela música. Se seu estudo for como um “papagaio” que apenas repete, sem entender o que você está fazendo, ele não está sendo construtivo – muito pelo contrário, pode até estar adquirindo diferentes vícios que te darão muito trabalho para corrigir depois. É por isso que eu enfatizo, e se seu estudo está neste patamar, realmente pare agora de estudar todos os dias!
Praticar deve ser algo interessante, e principalmente, construtivo. Você precisa ter metas. O músico tem que ter clareza do que precisa alcançar naquele dia específico de estudo, para tocar bem aquela música. Ou seja, é preciso ter a clareza de qual é a meta a ser alcançada em cada dia de estudo. Não basta se preocupar em tocar a nota certa no tempo certo. Esse pensamento é muito superficial e muito amador. Você deve se aprofundar e alcançar uma consciência muito maior na hora de praticar seu instrumento.
Vou te dar um exemplo. Ao pegar uma nova música para praticar, analise ela, separe seus elementos em camadas de informações musicais e observe o trabalho a ser feito para dominar cada um deles. Você pode começar por exemplo pela camada rítmica. Analise a fórmula de compasso, se há contratempo, tenha clareza das células rítmicas que aparecem (faça a leitura rítmica delas fora do instrumento, mantendo o pulso regular). Eduque o seu corpo para que ele entenda estes pontos, depois você transfere para o seu instrumento.
Então, você passa para a camada melódica: descubra a tonalidade da música, observe as frases musicais que estão ali formando aquela melodia, observe a escala que está lhes servindo de base, estude essa escala (observe os acidentes que fazem parte dessa escala no instrumento), analise as frases musicais: se repetem ou são completamente diferentes? Procure solfejar estas frases, acoplando a informação melódica sobre a questão rítmica já previamente preparada. Siga analisando as diferentes partes da música, observe se há mudança de tonalidade, ou não; se há novas ideias melódicas. Dessa maneira você mapeia todo seu caminho e tem consciência do que te espera nessa música que você vai começar a estudar.
Próximo passo: faça uma análise da camada harmônica. Descubra em quais acordes aquelas frases musicais (que você já descobriu ao analisar a camada melódica) estão apoiadas. Faça a análise harmônica, observe os padrões nas progressões de acordes presentes (se são iguais ou não), e como eles ajudam a intensificar a ideia interpretativa (aumentando a tensão, ou a serenidade – de acordo com as funções dos acordes) – assim você já vai tendo um direcionamento da qual sonoridade deve buscar ao lapidar a interpretação dessa música. Talvez você descubra que precisa estudar mais um determinado campo harmônico, fazendo exercícios de arpejo ou de cadências específicas para ensinar a sua mão a estar preparada para a execução dos acordes que estão ali, ou seja, por meio de outros exercícios técnicos, que extrapolam a simples repetição mecânica daquela música, você cria os automatismos necessários para conseguir, depois, tocar bem aquela música.
Estes são alguns exemplos com dicas práticas para que você consiga começar a praticar música com profundidade (diariamente) e saia da pura repetição – que quanto mais inconsciente é, mais inconsistente e mais cheia de vícios. Se não for para ser assim, melhor não estudar todo dia. Acredite, você não vai gostar de perceber que o tanto de esforço que fez, não te levou a lugar algum. Mas talvez você esteja pensando: “Daiany, pra aprender música dessa maneira eu vou ter que ter uma boa noção de tudo que compõe a música! Só assim vou conseguir tocar bem?”
Pois então saiba que você pensou corretamente. É isso mesmo. Minha resposta é sim, e eu diria que não é só pra ter uma noção não. É pra conhecer mesmo, de maneira aprofundada. É isso que significa aprender e entender música de verdade. Se você quiser ver mais disso na prática, veja esta vídeo aula onde eu analisei uma música passo a passo seguindo esse tutorial que eu acabei de te passar:
Se até este momento você não está entendendo muito bem o que eu estou a lhe falar, tenha paciência. Eu usei termos super técnicos, principalmente se tratando da camada harmônica. Isso exige que você tenha uma base já formada neste sentido, e que já tenha aprendido certos conteúdos. Mas não tente passar a carroça na frente dos bois, tenha calma. Vou aproveitar e deixar aqui uma indicação de aula que pode te socorrer em um destes elementos. Se você quiser, fique à vontade para assisti-lá também e aumentar seu conhecimento musical:
E não se esqueça, eu estou aqui para te ajudar com o que eu puder, fique à vontade para me mandar suas dúvidas e sugestões. Se quiser, deixe um comentário nas videoaulas acima, porque eu amo saber o que vocês acham das aulas. Por hoje é só, muita música para você!