Olá, tudo bem com você? Daiany por aqui!
Hoje vamos conversar sobre leitura de partituras. Esse tema é bem recorrente entre todos os músicos, professores e estudantes de música, não é mesmo? Todos nós conhecemos alguém que lê partitura muito bem, outros que lêem muito mal e ainda outros que tem o sonho de ler partitura mas nunca conseguiram. Qual é a sua situação?
No texto de hoje quero dar algumas dicas que vão te ajudar a entender o caminho para se ler partitura com facilidade, e se você já sabe ler partitura com tranquilidade, talvez poderá usar essas dicas para ajudar alguém ou até mesmo seus alunos a ler com mais entusiasmo. Vamos começar então?
Quando estamos no começo do nosso processo de aprendizado de leitura de partituras, primeiro aprendemos a descobrir as notas na pauta, os nomes das notas musicais. Mas só isso não basta. Se você parar seu aprendizado nessa parte rasa, você não vai conseguir ler com fluência. Por exemplo, talvez você pegue a partitura de uma música conhecida, comece a ler o nome das notas, vai tocar no seu instrumento mas não reconhece a música. Isso porque você não uniu a leitura melódica com a leitura rítmica.
Então o que você precisa fazer para ler partitura com fluência, sem ficar “catando milho”, lendo apenas notas soltas na clave? Você precisa educar o seu senso rítmico e o seu senso melódico, educando o seu corpo, vivenciando tudo o que você aprende. Para isso, treinar solfejo é essencial.
Para o treinamento de solfejo eu indico focar em dois aspectos importantes do seu estudo musical:
- SOLFEJO RÍTMICO: que envolve ter firmeza no pulso da música, compreender a fórmula de compasso e a unidade de tempo e saber o que isso indica na música, saber diferenciar as células rítmicas, ligaduras…
- SOLFEJO MELÓDICO: que tem a ver com a altura musical, com as escalas, acidentes, intervalos, acordes, e assim você desenvolverá seu ouvido relativo.
Se você quiser mais detalhes sobre solfejo, veja esta aula aqui, onde eu falei bastante sobre isso e dei várias dicas legais sobre este tema:
Agora veja, em paralelo, além do que foi citado acima, você precisa ter um treinamento técnico do seu instrumento, só assim você vai educar sua memória motora. Porque na hora de ler partitura e tocar, você precisa olhar a partitura e sua mão precisa saber executar isso no seu instrumento com agilidade, para não travar no meio da música. Para conseguir isso, é importante praticar exercícios técnicos específicos para o seu instrumento, como escalas e arpejos por exemplo. Porque é o que eu sempre digo, quando você quer evoluir na música, você precisa nutrir suas duas habilidades: a habilidade musical (cuidar dos elementos musicais que você aprende na teoria mas são treinados no seu corpo e depois passado para o seu instrumento) e a habilidade instrumental (cuidar das habilidades técnicas do seu instrumento). Para ter uma leitura musical bacana você precisa ter nutrido essas duas habilidades.
Agora atenção: a lógica das partituras é a mesma – seja ela muito simples, ou muito complexa – ainda que a complexidade técnica tenha diferentes graus. Por isso, não pense que você deve pegar qualquer música para sair lendo, não! Comece a praticar com níveis gradativos de dificuldade. Em todo aprendizado, o segredo é a gradatividade. Isso porque você só conseguirá executar no seu instrumento o que você já tiver internalizado em você, que você já tenha referência muscular. Não adianta nada você ler uma partitura super complexa no quesito rítmico e melódico se você tiver um nível iniciante no seu instrumento, porque aí você não vai conseguir executar o que lê, entende? Suas mãos não te obedecerão, você ficará se sentirá todo(a) descoordenado(a) e sua leitura ficará engasgada. Para isso não acontecer a partitura sempre deve estar em nível de dificuldade abaixo do seu nível técnico, para que a resposta motora consiga ser automática. Durante o treino de leitura musical não é momento para ensinar o corpo a construir novas conexões motoras. Não. Ali o corpo simplesmente tem que já ser capaz de fazer o que está escrito – ou seja, suas capacidades técnico motoras tem que estar compatíveis (ou bem acima) do que está escrito.
É por isso que, para ser capaz de tocar (e ler) músicas cada vez mais complexas no seu instrumento você precisa nutrir sua habilidade e seu conhecimento musical. De forma gradativa e constante. Você vai ganhando maturidade musical e deixa de ser só aluno, que precisa de orientação o tempo todo, ganha mais independência e vai deslanchando na música.
Portanto, no bate papo de hoje, eu resumi para você o caminho que é preciso seguir para se ler bem as partituras. Uma vez que você tem consciência do caminho, é preciso trilhar. E para isso, basta começar. Tenha paciência, e siga praticando e desenvolvendo seus estudos musicais. Na música, o segredo sempre está no intervalo entre o plantio e a colheita – porque não basta jogar a semente, é preciso cultivá-la, persistir no seu monitoramento, adubar, regar, cortar as ervas daninhas, e recomeçar este ciclo todo santo dia. É assim que a colheita floresce.
Lembre disso e conte comigo, estou aqui para te ajudar com o que eu puder!