Ser bom no instrumento não significa ser bom na música, cuidado!

Olá! Olha eu, Daiany, chegando aqui!!  

Hoje, quero falar com você sobre habilidade musical e habilidade instrumental, porque acredite: elas não são a mesma coisa! Na verdade, muita gente acha que é a mesma coisa, que tocar bem significa ter habilidade musical. Mas não é bem assim. E quase ninguém te conta isso. Quase ninguém te ensina isso. Mas tudo que faz diferença real na sua capacidade de tocar está condicionado a isso. E os grandes músicos sabem. E você precisa saber também. 

Quando somos alunos iniciantes o que mais queremos é sair tocando logo, não é? Por isso, quando decidimos aprender música, logo procuramos um professor de instrumento, não um professor de música. E também por este motivo, associamos que fazer aula de instrumento é a mesma coisa que fazer aula de música. De fato, desenvolver habilidade musical e habilidade instrumental, estão conectadas e em paralelo. Mas elas pedem uma compreensão diferenciada, porque são universos diferentes.

No ensino tradicional, normalmente fazemos aula de instrumento e nosso professor nos ensina o que é necessário para conseguirmos tocar logo e bem aquele instrumento que escolhemos. A questão é: o que aprendemos na aula de instrumento é apenas uma das camadas que deveríamos aprender, a camada técnica instrumental. Ela não é mais importante, nem menos importante que as outras, nada disso, ela é tão importante quanto, porque a partir dela iremos desenvolver nossa habilidade instrumental.

Mas ainda existem outras quatro camadas: rítmica, melódica, harmônica e a da musicalidade, e é somente a partir do trabalho com elas que desenvolvemos também a nossa habilidade musical. Aliás, quando temos habilidade musical, temos habilidade instrumental. Já o contrário não se aplica. Se focarmos apenas no aprendizado instrumental, a habilidade musical não se desenvolverá. 

Acontece que no ensino tradicional o professor de instrumento foca no ensino técnico do instrumento e apenas pincela um ou outro aspecto de cada uma das outras camadas, de forma bastante superficial. Consequentemente, você pisa em ovos quando o assunto é a música em si, e não a técnica para tocar essa ou aquela música. Você entende o que é necessário para conseguir tocar a música que está estudando, mas não se aprofunda, não entende para valer da estrutura da música, e fica limitado, sempre dependendo do seu professor para continuar a progredir no estudo musical. Aos poucos você se torna mais independente, mas é muito aos poucos mesmo, demora muito. Por isso, muitas pessoas passam anos estudando e fazendo aula de música e ainda assim se sentem despreparadas, inseguras e cheias de dúvidas.

Não estou querendo dizer que os professores tradicionais ensinam de maneira errada! Nada disso! O que estou dizendo é que o aprendizado fica incompleto, com lacunas, porque o foco está apenas em uma grande área, em detrimento das outras, que ficam relegadas à segundo plano, ou ficam atribuídas às aulas complementares do conservatório, ou da escola (inclusive aulas essas que você assiste, mas não conecta com a sua prática, parece até que são dois universos diferentes – quando se trata na verdade de uma coisa só). Mas aí vem a questão que não quer calar: quando você percebe isso, você busca meios de preencher essas lacunas? Se preocupa de fato em organizar estes trilhos? Conversa com alguém, inclusive com seu professor(a), sobre isso? Pede ajuda?

Pode ser também que você já tenha falado que só quer aprender a tocar, e não quer estudar teoria e ir tão a fundo na música. Mas essa fala demonstra uma visão limitada e imatura de um aluno iniciante que não sabe bem o que está dizendo. Se o aluno só fizer isso e só focar na técnica instrumental, mais para frente ele irá se arrepender e perceber que gastou tempo (e dinheiro) e ainda não toca como gostaria. 

O que acontece é o seguinte: as camadas musicais se sobrepõem uma à outra e são interdependentes, assim como um andar se sobrepõe ao outro num prédio, entende? Se elas não forem formadas com solidez, elas não têm firmeza para sustentar a próxima. Então, daqui um tempo, provavelmente, você vai travar e vai se encontrar dependente do seu professor. Simplesmente porque a habilidade instrumental andou de forma descompassada da habilidade musical. 

Nesse momento talvez você esteja pensando: “mas, se eu estudar essas camadas musicais vou desfocar do estudo do meu instrumento, e eu não vou ter ânimo para isso não, porque o que eu quero é tocar”. Pois eu te digo: realmente parece um contrassenso, mas não é! Porque a habilidade musical te dá suporte para a habilidade instrumental, o que significa, que este estudo te fará tocar melhor, pois de que adianta tentar tocar bem se não temos ritmo, se não temos ouvido musical, se não temos certeza sobre o som afinado ou não, que estamos fazendo? Esses são alguns exemplos de questões que são resolvidas apenas com o desenvolvimento da nossa habilidade musical. Inclusive, os problemas técnicos que podem aparecer na prática do instrumento, são resolvidos, na maioria das vezes, fora do instrumento, a partir de uma compreensão, de uma análise musical. E você só consegue fazer isso se você estiver nutrindo a sua habilidade musical. 

Vou deixar aqui para você o link de uma aula onde eu falei mais sobre isso. Se você quiser conferir, acredito que irá gostar:

Por hoje é só. Aproveite a aula, reflita, que a gente se encontra nas próximas.

Muita música para você. Até mais!

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Daiany Dezembro

Pianista, cantora e educadora musical
especialista em iniciação e desenvolvimento musical

Olá, meu nome é Daiany Dezembro. Eu sou criadora do Canal Posso Tocar e hoje eu ajudo as pessoas à destravarem na música, sem sofrer para ler partitura, tirar música de ouvido e dominar a harmonia musical!

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